Se vibrou com o “Código Da Vinci”, de Dan Brown, ou sofreu até ao fim com o protagonista de “Indiana Jones e a Última Cruzada” (1989), não vai querer tirar os olhos do All About Portugal. Torne-se a personagem principal deste roteiro, onde seguimos o rasto da Ordem dos Templários, entre Tomar e Santarém, e reunimos 13 pontos de paragem obrigatória (um número místico, como não podia deixar de ser, para aqueles que buscam o Santo Graal). Seja “aficionado” ou apenas apaixonado por História, deixe-se levar pela herança deste grupo religioso militar e, como extra, vá além dos Cavaleiros e navegue por outros tesouros imperdíveis desta região que, em tempos que já lá vão, era dominada pelos Templários.

Centro Histórico de Tomar

Centro Histórico de Tomar

Se tivéssemos que nomear uma “capital dos Templários” essa seria, sem dúvida, Tomar. Na altura em que chegaram a Portugal, os míticos Cavaleiros espalharam castelos por áreas distintas, mas o centro do seu território ficava em Tomar. Banhada pelo rio Nabão, esta cidade do distrito de Santarém possui um dos centros históricos com maior concentração de monumentos em Portugal.

Igreja de Santa Maria dos Olivais

Igreja de Santa Maria dos Olivais

D. Gualdim Pais nasceu em Barcelos, mas viajou até Jerusalém para estudar a Ordem e acabou por fundar a cidade de Tomar, em 1160, após o primeiro rei de Portugal conceder a região aos Templários. O cruzado e grão-mestre dos Templários está sepultado na Igreja de Santa Maria dos Olivais, a mesma a que atribuiu o estatuto de Panteão dos Mestres e que também serve de descanso final a outros membros da Ordem. Na fachada, salta à vista a marca dos Templários, o Signum Salomonis.

Igreja de São João Baptista

Igreja de São João Baptista

Nada foi deixado ao acaso. A zona urbana mais antiga da cidade de Tomar organiza-se em cruz, com um convento em cada extremo e orientada pelos pontos cardeais. O centro é estrelado pela Praça da República, onde fica a Igreja Matriz dedicada a São João Baptista. Pensa-se que foi reconstruída em finais do século XV. Viria a ser considerada Monumento Nacional em 1910, destacando-se pelos motivos Manuelinos e, no interior, pelo púlpito e pela abóbada da capela-mor.

Convento da Ordem de Cristo

Convento da Ordem de Cristo

Em 1983, a UNESCO declarou-o Património da Humanidade. É aqui que se encontra a Charola, uma das marcas mais sonantes dos Templários, bem como a janela mais famosa do país, uma representação do estilo Manuelino. Os detalhes ligados aos rituais Templários são imperdíveis. Para melhor perceber o que o significado do monumento é importante saber como a Ordem dos Cavaleiros Templários se transformou em Ordem de Cristo, salvaguardando o poder, o conhecimento e a riqueza que tinha em Portugal.

Mata Nacional dos Sete Montes

Mata Nacional dos Sete Montes

São 39 hectares de florestas e jardins que pertenceram durante séculos à Ordem de Cristo, sendo próprios para o cultivo, mas também para momentos de reflexão. A flora é rica e aqui pode encontrar pinheiros mansos e bravos, carvalhos, olaias, ciprestes e seculares oliveiras, entre outros. Destaque também para a chamada “Charolinha”, pequeno templo clássico transformado em ilha pelo lago que a rodeia. Uma espécie de retiro secreto e oculto, a que se chega atravessando uma ponte pedonal de pedra.

Torre de Dornes

Torre de Dornes

Esta viagem não escapa a algumas teorias (da conspiração?). Veja-se a Torre de Dornes, situada em Ferreira do Zêzere, que não reúne consenso em relação à sua construção. Por um lado, há quem atribua a obra a Sertório, no século VIII, enquanto alguns acreditam tratar-se de uma torre dos Mouros e outros defendem a sua origem Templária. Algumas fontes apontam, inclusivamente, D. Gualdim Pais como o seu edificador. Escolha a versão que mais lhe agrada e faça uma visita. Não se vai arrepender!

Vila ribeirinha de Constância

Vila ribeirinha de Constância

Se gosta de passear e de contemplar a natureza, a vila ribeirinha de Constância é, sem dúvida, um recanto de paragem obrigatória. Aproveite este momento de pausa para relaxar à beira do rio Tejo, faça o percurso pedestre e contemple a vista para o Castelo de Almourol. As panorâmicas sobre o monumento são uma delícia para qualquer máquina fotográfica.

Castelo de Almourol

Castelo de Almourol

É um tesouro à distância de uma viagem de barco de cinco minutos. O percurso até lá é encantador e culmina num sítio envolto em mistério, situado num ilhéu rochoso do rio Tejo. Trata-se de um castelo Templário, mandado erguer pelo Mestre Gualdim Pais, no século XII, sendo uma das memórias mais emblemáticas da Ordem na região. Já em termos arquitetónicos, as muralhas são flanqueadas por dez torres que circundam a Torre de Menagem e que conferiam ao conjunto uma importante capacidade defensiva.

Antiga Sinagoga de Tomar

Antiga Sinagoga de Tomar

O percurso continua por outro ex-líbris da cidade de Tomar, desta feita ligada à comunidade judaica. Também eles se estabeleceram em Tomar, mas viriam a ser expulsos em 1496. Assim, é inevitável mencionar a Sinagoga de Tomar, provavelmente, o templo hebraico Gótico mais antigo. Construído entre 1430 e 1460, seria posteriormente convertido em prisão e, em 1923, foi adquirido por Samuel Schwarz e doada ao Estado para ali se criar o Museu Luso-Hebraico de Abraão Zacuto.

Aqueduto dos Pegões

Aqueduto dos Pegões

Classificado Monumento Nacional em 1910, o Aqueduto dos Pegões é hoje um percurso pedestre de sonho, mas foi construído com uma intenção bem diferente. Em 1593, D. Filipe I (Filipe II de Espanha) mandou-o edificar com o objetivo de abastecer o Convento de Cristo, tendo sido a obra concluída em 1614. Tem um comprimento total de seis quilómetros e chega a atingir os 30 metros de altura, composto por um conjunto de 180 arcos, muitas vezes sobrepostos.

Roda Hidráulica do Mouchão

Roda Hidráulica do Mouchão

Esta roda de madeira de grandes dimensões está implantada no Jardim do Mouchão, junto ao rio Nabão, sendo um dos ex-líbris de Tomar, e até imagem de fundo dos principais eventos da cidade. Trata-se de um modelo de roda hidráulica, muito utilizada na irrigação de campos ou para abastecimento de água a moinhos ou lagares, que em tempos contribuíram para a prosperidade económica local. Possui diversos pares de alcatruzes em barro, cada um com capacidade de cinco litros.

Café Paraíso

Café Paraíso

Um passeio desta dimensão não pode acabar sem recarregar baterias, pelo que deixamos duas sugestões imperdíveis. Começamos pelo icónico Café Paraíso, na Rua Serpa Pinto. Se as suas paredes centenárias falassem, contariam histórias e momentos únicos da cidade. Com um ambiente bastante cultural e intelectual, tem duas vidas: à tarde é um local de tertúlia dos mais velhos e, à noite, mergulha num ambiente distinto, com música chill-out, e serve de ponto de encontro dos estudantes da cidade.

Estrelas de Tomar

Estrelas de Tomar

Quem fala em gastronomia local, não pode escapar à tentação dos doces. Entre na confeitaria Estrelas de Tomar e delicie-se primeiro com as “Fatias de Tomar”, confecionadas apenas com gemas de ovos e cozidas em banho-maria (numa panela pensada por um latoeiro da cidade em meados do século passado). Se ainda aguentar mais um desafio, termine em beleza com um “Beija-me… Depressa”, doce conventual de ovos. Até porque, como dizia Fernando Pessoa, «Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.».