O Caminho Português de Santiago

Ainda que muitos historiadores defendam que os Caminhos de Santiago possuem uma origem pagã, a verdade é que estes foram inicialmente concebidos como uma forma de venerar as relíquias de uma das maiores figuras da religião católica: Santiago Maior, um dos doze apóstolos de Jesus Cristo.

Martirizado no ano 44, apenas 11 anos após a morte do Profeta, Santiago Maior encontra-se sepultado na Catedral de Santiago de Compostela. Um pescador da Galileia que trabalhava no conserto de redes de pesca, Santiago Maior foi uma das primeiras pessoas a ouvir os ensinamentos de Jesus Cristo e a abandonar tudo para O seguir.

Santiago Maior está presente em alguns dos mais importantes episódios da Bíblia cristã, incluindo o momento da Transfiguração, no qual Jesus se torna radiante no topo de uma montanha, da Agonia de Cristo, que precedeu a Última Ceia, ou da Oração do Jardim das Oliveiras, que antecedeu a Crucificação.

Após esquecidos durante vários séculos, os Caminhos de Santiago voltaram a tornar-se populares dentro e fora da Europa após o revivalismo dos trilhos na década de 80. Foi a partir de então que os Caminhos passaram a ser concebidos menos como uma peregrinação religiosa e mais como uma experiência sócio-espiritual, pela qual muitos enveredam por motivos pessoais, desportivos, ou de lazer.

O Caminho de Santiago a partir de Portugal é o segundo mais popular do mundo, superado apenas pelo Caminho de Santiago a partir de França. Existem três rotas principais a partir de Portugal: o Caminho Central, o Caminho da Costa, e a Senda Litoral.

O Caminho Central

O Caminho Central tem começo num monumento quase tão histórico quanto a Catedral de Santiago de Compostela: a Sé do Porto, fundada no ano de 1110. A rota divide-se em 10 etapas, constituídas por aproximadamente 20 quilómetros.
Ainda que o Caminho Central tenha início no centro da cidade do Porto, os peregrinos de Santiago passam a explorar terrenos mais rurais a partir do momento em que chegam a Vairão. Com paragens em Barcelos, Ponte de Lima, e Rubiães, o Caminho Central passa ainda pelas localidades espanholas de Tuí, Mos, Pontevedra, Caldas de Reis, e Padrón.

O Caminho da Costa

Também com começo na Sé do Porto e com 10 etapas, o Caminho da Costa é uma alternativa ao Caminho Central que deverá agradar aos peregrinos que gostam de passear junto à água. É o trajeto ideal para completar nos meses mais quentes do ano.
Com o oceano como bússola, o Caminho da Costa passa pela Póvoa de Varzim, por Marinhas, por Viana do Castelo, por Caminha, e por Valença antes de chegar a Mos, em Espanha. A partir daí é semelhante ao Caminho Central.

Senda Litoral

A Senda Litoral é a menos exploradas das rotas do Caminho Português de Santiago, mas é aconselhável a todos os peregrinos que apreciem uma caminhada repleta de surpresas e aldeias pitorescas.
Em vez de chegarem à Póvoa de Varzim, os viajantes devem primeiro encaminhar-se desde o Porto até Vila Chã. Seguem-se paragens nas localidades de Marinhas, Viana do Castelo, Caminha, Porto de Mougás, Saians, Redondela, Pontevedra, Caldas de Reis, e, finalmente, Padrón. Com 12 etapas, a Senda Litoral é a mais longa das rotas do Caminho Português de Santiago.

Alguns conselhos para peregrinos inexperientes

Caso se esteja a preparar para fazer os Caminhos de Santiago pela primeira vez, é importante ter em conta que o trajeto pode implicar um esforço físico substancial. Leve calçado e roupas confortáveis, procure o apoio de peregrinos mais experientes, não tente completar as etapas demasiado rapidamente, e consulte o seu médico antes de dar início à viagem.
O período do verão é ideal para fazer os Caminhos de Santiago, mas implica alguns riscos adicionais. Proteja-se do sol com a ajuda de um chapéu e de protetor solar, beba muita água para evitar a desidratação, e não se esqueça de parar frequentemente para dar descanso ao corpo. Refrescar-se nos muitos rios, lagos, e ribeiros que surgem ao longo da rota também pode ser uma excelente forma de combater o calor.